sexta-feira, 26 de agosto de 2016

MULHER MARAVILHA


"Há muito tempo eu deixei de querer ser uma mulher-maravilha.

Resultado de imagem para mulher maravilhaAprendi que ir além dos meus limites, achar que sou mais durona do que na verdade posso ser e ignorar meus ciclos, ritmos e estações internas, só trazem prejuízos a mim mesma.

Não tenho mais medo de ser frágil, de pedir ajuda, de saber a hora de parar e os momentos em que preciso me recolher e quando silenciar. Mas também sei ser forte...Ser impossível, ser guerreira, ser feminina, quando usar salto, quando quero estar largada e sem maquiagem, sem perder minha feminilidade. Sei ser amiga, amante, mãe, anciã, donzela e criança quando preciso ser.

Sou mutável. Sou circular. Sou fluida. Sou mulher.

Nem sempre é fácil. Mas não quero mais competir com os homens, e também não quero ser daquela que diz que não precisa deles. Por que senão, onde fica o equilíbrio das polaridades? Onde entra o casamento sagrado de Shiva e Shakti? Onde fica a honra e reverência ao Sagrado Masculino, assim como devoto ao Sagrado Feminino?

Aprendi que preciso cada dia me completar mais e me enebriar de mim mesma...para assim, saber convidar e entender o papel do masculino em minha vida. Somos parte do mesmo.

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Jonathan Fotografias
Aprendi que cada dia sou uma, que minha TPM só vem quando estou me desrespeitando ou deixando de ouvir meu corpo. Aprendi que quando estou triste, não é porque estou com falta de homem. Aprendi que quando estou nervosa, não é porque estou com falta de sexo, mas, sim, quando estou em falta comigo mesma - sem me cuidar, me ouvir e me honrar.

Há muito tempo eu deixei de querer ser uma mulher-maravilha. Hoje, estou confortável em ser apenas Mulher, e aprender a conviver com as mais de mil facetas que me compõem, as Deusas, aspectos da Grande Mãe, Útero Sagrado, de onde vim, e para onde eu retorno sempre que preciso me fortalecer.

Há muito tempo eu deixei de querer ser uma mulher – Maravilha. Preferindo viver em Maravilha na infinitude que é ser Mulher."


Autoria desconhecida 

(Por favor, caso alguém conheça a autoria, deixe nos comentários para que eu possa dar os devidos créditos).

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Consumo consciente - Quem fez minhas roupas?

Olá!

"Forçada(o) a trabalhar horas exaustivas"
Assim como eu, acredito que você também já deve ter tido a "grande oportunidade" de comprar uma peça de roupa tão barata que você não acreditou que fosse possível economizar tanto! A sensação de comprar algo muito barato é ótima, a princípio, mas você já parou para pensar em quem fez as suas roupas?

A pergunta vem de uma reflexão importante quando nos questionamos sobre consumo consciente. É que por trás daquela roupinha baratinha que você comprou pode ter o trabalho semi-escravo de uma costureira ou um trabalho de uma criança.

"Ah, Rafa! Não existe mais trabalho escravo". Existe sim! Se você se propuser a pensar nas relações de trabalho e na qualidade de vida e saúde dos trabalhadores, não vai demorar muito a achar alguma pesquisa que revela a situação precária de trabalho de costureiras em vários lugares do mundo, assim como as remunerações insuficientes e totalmente injustas comparadas às cargas horárias extenuantes de trabalho.

Já faz algum tempo que as pessoas começaram a consumir com mais consciência. Considero essa questão tão importante para nós mulheres porque estamos dos dois lados da moeda: o lado de quem produz/trabalha (grande parte dos trabalhadores da indústria têxtil são mulheres) e o lado de quem consome (compradora, para quem maior parte dos anúncios de moda são direcionados).

Pesquisando sobre essa relação de consumo consciente e moda, tive conhecimento do livro Stiched Up, da jornalista inglesa Tansy Hoskins. A jornalista fala sobre a mão de obra barata, padrões de beleza ditados pela moda, mídias, questões ambientais etc.


Tansy Hoskins e seu livro Stitched Up

Em entrevista ao modefica.com a jornalista falou:

"Eu decidi escrever Stitched Up porque eu não conseguia encontrar as respostas as quais eu precisava sobre a indústria da moda. Apesar de Stitched Up ser um livro bem global, é também um projeto pessoal baseado em perguntas pessoais que eu tinha como a luta de amigas minhas com transtornos alimentares, sobre o porquê eu lia Vogue todos os meses, mas raramente via modelos que não eram brancas."

Recortei esta fala da jornalista porque só nesta fala já é possível entrever várias questões relacionadas ao consumo consciente, à precarização do trabalho feminino e à popularização dos padrões surreais de beleza

A questão dos padrões de beleza ditados pela moda e reforçados pela mídia são tema de muitos estudos e artigos e em breve devo abordar esses e outros temas aqui também. Se você gostou, por favor, deixe sua impressão/opinião abaixo.

Até a próxima!


sábado, 30 de julho de 2016

Mulheres que fazem acontecer - Re Solidário

Olá!

Gostaria de dedicar um espaço deste blog para falar de mulheres que fazem acontecer. Mulheres que mudam a realidade onde vivem, seja em casa, na comunidade, na cidade etc. Vou trazer sempre histórias de mulheres que fazem acontecer e nos inspiram.

O case de hoje é da Jaqueline Soares Lopes. É possível que você nunca tenha ouvido falar na Jaqueline, mas ela é uma mulher como você e eu, estudante de moda, jovem. O que tem de especial da Jaqueline? Bom, pra começar ela foi moradora de rua. A história de superação da Jaqueline começou quando ela foi adotada pela família da irmã gêmea e saiu das ruas. Mas ela não esqueceu do passado difícil e pensou em uma forma de utilizar o seu conhecimento de moda para o bem.

Fonte: G1

A Jaqueline criou um projeto para o seu TCC chamado Re Solidário. Re de [RE]utilize, [RE]ame, [RE]comece. o Re Solidário é uma loja a céu aberto que funciona em vários pontos da cidade de Florianópolis que, com a ajuda de voluntários, doa roupas para os sem-teto da cidade. Ela criou uma moeda fantasia que dá direito a "R$50,00" em compras para que os moradores de rua possam comprar na lojinha. Claro que o dinheiro é fictício, mas serve para limitar o número de peças que as pessoas podem levar, garantindo que todos possam ter acesso às peças de forma justa.

São mais de 2.500 peças de roupas divididas pelos segmentos feminino, masculino e infantil. Caso você tenha gostado do exemplo da Jaqueline e queira conhecer melhor o projeto, pode conferir o vídeo abaixo. Bjs e até o próximo post!


domingo, 24 de julho de 2016

O casamento como uma sociedade

Olá!

Gostaria de compartilhar com vocês um texto que li e achei interessante. O mais interessante sobre esse texto deve estar no fato curioso de ele estar circulando tanto, como uma coisa de outro mundo. Na verdade, é um dos textos mais lúcidos que já li sobre casamento. Acredito que o fato de ter circulado é porque mostra a visão de um homem sobre o casamento, uma visão não tão comum como deveria.

Nada daquelas visões machistas e clichês sobre casamento. O autor (desconhecido, infelizmente) fala sobre o casamento como uma sociedade e revela a importância de se colocar como sócio, já que o casamento é dele, a casa também é dele, os filhos também são dele. Ele não participa das atividades da casa, ele é parte daquela casa, daquela família.

Tenho visto alguns psicólogos que trabalham com casais dizerem que o que mais ouvem das mulheres como motivo de término de casamentos é o peso da rotina. São mulheres cansadas dos afazeres domésticos e de parceiros/companheiros que não se comprometem com os afazeres, como se aquelas atividades fossem das esposas, das mulheres, das mães.

O mais interessante é que estudos científicos foram realizados para comprovar o óbvio: "Casais que dividem as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos são mais felizes e tem vida sexual melhor". 

Compartilho abaixo o texto, espero que gostem.

Eu não ajudo minha mulher... nós somos sócios!!!



“Um amigo vem a minha casa tomar café, sentamo-nos e conversamos, falando sobre a vida… “Vou num instante lavar os pratos que ficaram no lava-louças”, digo-lhe.

Ele olha para mim como se lhe tivesse dito que vou construir uma nave espacial. Diz-me com admiração, mas um pouco perplexo: “Ainda bem que ajudas a tua mulher, quando eu o faço a minha mulher não elogia. Ainda na semana passada lavei o chão e nem um obrigada.”

Voltei a sentar-me com ele e expliquei-lhe que eu não ajudo a minha mulher. Como regra, a minha mulher não necessita de ajuda, tem necessidade de um sócio. Eu sou um sócio em casa e por via desta sociedade as tarefas são divididas, mas não se trata certamente de um apoio à casa.

Eu não ajudo a minha mulher a limpar a casa porque eu também vivo aqui e é necessário que eu também limpe.

Eu não ajudo a minha mulher a cozinhar porque eu também quero comer e é necessário que eu também cozinhe. Eu não ajudo a minha mulher a lavar os pratos depois da refeição porque eu também usei esses pratos. Eu não ajudo a minha mulher com os filhos porque também são meus filhos e a minha função é ser pai. Eu não ajudo a minha mulher a estender ou a dobrar a roupa, porque também é roupa minha e dos meus filhos.

Eu não sou uma ajuda em casa, sou parte da casa. E no que diz respeito a elogiar, perguntei-lhe quando é que foi a última vez que, depois de ela acabar de limpar a casa, tratar da roupa, mudar os lençóis da cama, dar banho aos filhos, cozinhar, organizar, etc., disseste a ela "obrigado"?

Mas um obrigado do tipo: wow!!! Mulher minha! És fantástica!!! Parece-te absurdo? Parece-te estranho? Quando tu, uma vez na vida, limpaste o chão, esperavas no mínimo um prêmio de excelência com muita glória e relações públicas…Por quê?

Nunca pensaste nisso, amigo? Talvez porque para ti é um dado adquirido que tudo seja tarefa dela? Talvez te tenhas habituado a que tudo isto seja feito sem que tu tenhas de mexer um dedo? Então elogia como tu querias ser elogiado, da mesma forma, com a mesma intensidade. Dá uma mão, comporta-te como um verdadeiro companheiro, não como um hóspede que só vem comer, dormir, tomar banho… Sente-te em casa. Na tua casa.”


quinta-feira, 21 de julho de 2016

Controle Financeiro - Faça Acontecer!

Olá!

Você é concurseira, estudante, trabalha fora, trabalha em casa? Não importa qual a sua atividade, organizar as coisas ao seu redor pode te ajudar a ser mais produtiva.

Lembro que na minha época de vestibular eu estudava diversas matérias diferentes e tinha dificuldades em organizar um cronograma de estudos, até que um dia eu li uma matéria que dizia que que era mais fácil separar por matérias de estudo, deixando à vista somente aquela matéria/livro que iria estudar. Uma dica tão simples e me ajudou tanto!



Desde essa época eu gosto de separar as coisas, organizá-las. No trabalho também. Lembro que numa das empresas que trabalhei eu sempre ganhava vários caderninhos das empresas que me visitavam, eu adorava e queria usar todos. Uma cilada pra minha organização. Eu acabava não lembrando em qual caderno tinha anotado certas coisas. O mais interessante pra mim, naquele caso, era manter um único caderno onde eu anotasse todas as coisas importantes.

Hoje há várias ferramentas de organização, uma delas são os planners. Os daily planners são ótimos para gerenciar a rotina. Você pode fazer o seu próprio daily planner, conforme as suas necessidades. 



O planner é baseado em planilhas para que você possa fazer o seu planejamento, por isso você pode utilizar somente o que for útil para você e (o melhor!) você não precisa comprar um planner, você pode fazer o seu próprio planner todo personalizado. Eles são ideais para quem gosta ou precisa documentar/escrever. Isso vai desde a organização das atividades da faculdade até as atividades dos filhos. Também há planners com uma planilha para organização da alimentação, para quem está fazendo reeducação alimentar, por exemplo. (Disponibilizo aqui também nos próximos posts).

Para o controle financeiro eu fiz meu próprio modelo aqui do blog. A imagem abaixo é para ilustrar como utilizar a planilha de controle de cartões, assim você consegue gerenciar mês a mês os valores parcelados no seu cartão, tendo uma visão de quantas parcelas faltam para pagar e planejar seu limite de gasto em cada cartão.

Controle Financeiro - Cartão de Crédito


Disponibilizei a página acima para que você possa imprimir (em qualquer gráfica, pode imprimir em formato A4 e colocar em um fichário). O interessante é que você pode imprimir as páginas por cartão de crédito, por mês, como preferir.

Para fazer download da página de Controle de Cartão de Crédito, clique aqui.

Espero que você goste da ideia de se planejar e ter seu próprio planner. Caso você tenha gostado desta postagem, por favor, deixe sua impressão/opinião abaixo. Caso tenha testado o controle, me diga o que achou.

Obrigada e até o próximo post! 

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Compradora compulsiva

Olá!

Você já ouviu falar em oniomania? A palavra pode parecer meio estranha, mas está presente na vida de muitas pessoas. Você já deve ter conhecido alguém que compra compulsivamente, que não consegue sair de casa sem voltar com uma sacolinha. Você pode conhecer alguma amiga que até esconde as sacolas de compras para os familiares não verem. Conhece? Bem, a questão é que o que parece uma futilidade pode ser na verdade uma psicopatologia.


A oniomania é uma compulsão e infelizmente a maioria das pessoas atingidas por essa doença é mulher. Não tenho a fonte dos dados, mas especula-se que 90 a 95% das pessoas que tem compulsão por compras sejam mulheres. É possível que o fator cultural seja o que mais influencia esse fato, já que biologicamente não há nada que explique isso. Sim, a oniomania é uma doença que impede a nossa independência financeira e chega mesmo a comprometer a vida pessoal, relacionamentos, saúde financeira e muito mais.

Como boa parte das psicopatologias, ela é marcada pelo preconceito ou pela ignorância das pessoas que não sabem como lidar com a situação. Se você sofre dessa doença, como de qualquer outra psicopatologia, já deve ter ouvido algum conselho do tipo "mudar isso só depende de você!" ou "você deveria se esforçar mais para melhorar disso!"

Pois é, a questão é que se você conhece uma pessoa com uma cardiopatia ou outra doença, você não diz pra ela se levantar e fazer algo para mudar, não fica incentivando ela a ter "coragem" de mudar sua condição atual, não é? Uma pessoa com a perna quebrada, que fica deitada numa cama o dia todo não está lá porque gosta. Acho que dizer "levante-se daí e mude sua vida!" não vai ajudá-la muito.

Os delírios de consumo de Becky Bloom

Essa é a questão. A oniomania deve ser tratada, é preciso compreender que muitos sentimentos estão relacionados à compulsão por compras. A pessoa, que pode estar deprimida ou insegura, sai de casa para se distrair ou fazer suas atividades de rotina e (vulnerável) acaba comprando algo que muitas vezes nem precisa. A sensação de prazer momentânea é viciante, a pessoa sente um prazer que não consegue experimentar em outras situações do dia a dia. O problema é que logo essa sensação passa e ela precisa comprar novamente para ter aquela sensação de novo. 

Muitas pessoas chegam a ter dívidas altas, fazer empréstimos para cobrir as dívidas e tudo vira uma bola de neve. A doença pode fazer com que a pessoa perca todos os seus bens materiais, emprego, compromete casamentos e relacionamentos de uma forma geral. A oniomania não tem cura, mas é possível uma melhora dos sintomas. Para isso, é preciso encarar a compulsão com seriedade, sem preconceitos e procurar ajuda especializada. É recomendável que a família de uma pessoa que sofre com a oniomania também procure suporte.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Gender Balance

Talvez vocês já tenham ouvido falar nesse conceito. Eu recordo que essa questão já veio à tona várias vezes durante a minha trajetória profissional. Recordo também quando em uma pesquisa de uma das empresas que trabalhei, perguntaram se eu considerava que o Gender Balance era um dos fatores que atrairiam novos profissionais às empresas e minha resposta foi "não".

Calma, vamos por partes.

Gender Balance é um conceito relativamente novo, mas que grandes empresas com a preocupação de promover a equidade entre os gêneros, já tem começado a trabalhar internamente. A proposta é que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades e responsabilidades dentro de uma empresa, sendo que as regras também devem ser as mesmas para ambos os gêneros. Os critérios de seleção também devem ser justos na hora de uma promoção.

É óbvio que existem diferenças entre homens e mulheres nas empresas. Se você parar para observar, pode se perguntar: "Quantas mulheres em cargos de diretoria e alta liderança você conhece?". Eu tive o privilégio de trabalhar com algumas, mas isso infelizmente não é tão comum. A verdade é que essas mulheres muitas vezes sofrem com a dupla jornada de trabalho (na empresa e em casa), além de terem que estudar mais para ocupar o cargo que um homem ocuparia com menos sacrifício e até menos estudo. Não é novidade também que mesmo depois de tanto sacrifício para conseguir uma posição de liderança, ela ainda terá uma remuneração menor do que a de um homem no mesmo cargo.

Chegamos a uma questão ainda mais complexa. A mulher, após chegar ao seu merecido cargo de liderança, ainda terá que provar seu mérito para permanecer lá. Isso mesmo. No livro "Faça Acontecer" da Sheryl Sandberg (que dá nome a este blog) ela relata que um estudo de 2011 nos EUA destacou que homens são avaliados pelo seu potencial, enquanto que as mulheres são promovidas com base no que já realizaram. Parece justo? Não, não parece porque não é.



Voltando à pergunta do primeiro parágrafo, se eu considero que o Gender Balance é um diferencial para atrair novos profissionais para as empresas? Não, para a maioria das pessoas aqui no Brasil não. Digo isso porque realizei diversas entrevistas com mulheres para todos os níveis da organização e nunca ouvi nenhuma perguntar se a empresa tinha alguma ação voltada às mulheres, não me perguntavam se as mulheres tinham algum benefício para quem tinha filhos pequenos, não ouvi nenhuma mulher me perguntar se havia mais homens ou mulheres na empresa. Nunca!

Entendam bem, a questão é: por que nunca vi uma mulher se preocupar com isso na hora de entrar numa empresa? Por que nenhuma delas nunca me perguntou se havia benefícios para as que são mães? Por que nenhuma delas se importava que a empresa tivesse ou não ações de desenvolvimento para alavancar o progresso das mulheres na organização?

Acredito que porque maior parte dessas mulheres já estava bastante satisfeita em simplesmente conseguir um emprego com o qual sustentariam suas famílias. Talvez essas mesmas mulheres nunca tenham parado para pensar sobre a sua contribuição para as empresas e para a sociedade. A questão mora no fato de darmos graças a Deus de não termos perdido a vaga para um homem. Darmos graças a Deus que o fato de termos filhos pequenos ou não termos a possibilidade de viajar a trabalho, por exemplo, não ter atrapalhado a nossa candidatura à vaga. De uma forma aparentemente ingênua, essas mulheres pareciam já saber que os critérios de seleção não eram justos. 

Eu recordo que numa entrevista para uma empresa na qual eu estava na posição de candidata e não de entrevistadora, eu perguntei ao supervisor como era composto o quadro (de pessoas) da empresa, se tinha mais mulheres ou mais homens. Ele pareceu muito surpreso com a minha pergunta e respondeu que a empresa tinha muitas mulheres compondo seu quadro de funcionários. Fiquei feliz ao ouvir isso e quando entrei para a tal empresa (que tinha cerca de 25 mil funcionários), descobri que quase todas as mulheres da empresa estavam na fábrica, trabalhando em cargos extremamente operacionais. A empresa contava com apenas duas supervisoras para cerca de 10 supervisores. Apesar de dizer que havia uma proporção justa de homens para mulheres na empresa, as oportunidades de crescimento para as mulheres nesta organização era praticamente inexistente.


Em algum lugar li uma opinião que dizia que as coisas só serão justas quando metade das empresas forem lideradas por mulheres e metade dos lares forem liderados por homens. Talvez não seja tão simples assim (dados do MTPS revelam que mais de 50% dos lares brasileiros são liderados por homens!)O mesmo estudo do MTPS também revelou que as nos últimos 60 anos, a população economicamente ativa feminina passou de 2,5 milhões para 40,7 milhões de pessoas – um crescimento de 16,3 vezes contra um crescimento de 3,6 vezes da população economicamente ativa masculina - mas a população feminina também ampliou suas responsabilidades frente ao sustento do lar. Na contra-mão disso, outro estudo revelou que somente de 50% dos homens que responderam à pesquisa diziam realizar atividades domésticas não remuneradas.

Estamos diante de uma cultura que impele a dupla jornada às mulheres e dificulta seu crescimento profissional e representação política (aqui no Brasil, menos de 10% dos nossos representantes políticos são mulheres). Infelizmente ainda teremos que muito discutir, questionar e lutar para que as coisas mudem. Cabe a nós fazer com que as empresas e os governos se preocupem com a nossa qualidade de vida no trabalho, com o encarreiramento das mulheres, com legislações mais justas para ambos os gêneros.

O Gender Balance, ou equilíbrio entre os gêneros, não parece ser ainda uma preocupação na hora de procurar um emprego, por exemplo. É um conceito que só tenho visto ser praticado por grandes empresas, multinacionais etc. É preciso que despertemos para as questões de gênero e comecemos a cobrar isso das nossas instituições para que o conceito de equidade saia do topo e chegue à base, para que deixe de ser um conceito e passe a ser uma prática, uma realidade.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Finanças para mulheres

Falamos em postagens anteriores sobre as armadilhas na hora das compras e como nosso consumo é influenciado por fatores emocionais em vez de se basearem em decisões racionais. A questão que eu gostaria de trazer hoje, após as postagens sobre consumo consciente, é a consciência de uma educação financeira.



Bem, eu não sou economista, sou psicóloga. Também estou longe de ser exemplo de qualquer coisa. O que tento fazer aqui é compartilhar algumas das minhas experiências pessoais para que vocês consigam pensar nas suas próprias questões.

Uma questão que sempre me chamou a atenção foi a independência financeira. Comecei a trabalhar muito cedo e achava estranho as pessoas dizerem que quanto mais trabalhavam, menos dinheiro tinham. Oi?! 

Parecia absurdo eu ver as pessoas trabalhando tanto e não serem ricas. Foi aí que eu, ainda adolescente, comecei a tentar entender de finanças. Se você, mulher, nunca parou para pensar no assunto, é bom se ligar nisso. A independência financeira é de extrema importância no nosso processo de empoderamento. (Vou falar em postagens posteriores sobre como a população feminina é economicamente ativa e como nossa contribuição para a economia brasileira cresceu nos últimos 60 anos, mas é estranho que ainda soframos tanto para ter a nossa tão sonhada independência financeira).


Desde muito cedo percebi que as pessoas tinham uma relação de sofrimento com o dinheiro. É, de sofrimento mesmo! Sofriam para ganhar e sofriam na hora de gastar. O resultado é que sempre estavam insatisfeitas com o quanto ganhavam e nunca estavam satisfeitas com o que tinham comprado, sempre queriam mais. Então comecei a "produzir". Comecei minha vida profissional dando aulas para adultos (alfabetização de adultos) no interior de Pernambuco, ajudando minha mãe a dar aulas nos fundos de casa. Eu devia ter uns 12 anos de idade.

Era uma atividade voluntária e as pessoas pagavam se pudessem, o quanto pudessem. Alguns davam 10 reais por mês, quem não podia dar nada às vezes se sentia agradecido e mesmo assim queria pagar com uma gentileza (já me pagaram com um bolo! rs). A questão é que comecei a ganhar um dinheirinho com uma atividade que eu gostava de fazer: ajudar as pessoas a serem independentes.

Lembro de ter conseguido juntar 60 reais (tudo isso!) e fiquei sem saber o que fazer com tanto dinheiro (lembrem que eu era praticamente uma criança, aquilo pra mim era uma fortuna! rs). Pensando em como as pessoas sofriam para ganhar dinheiro, achei melhor guardar, poupar. Foi a minha primeira iniciativa de me educar financeiramente.

Não preciso dizer como essa atitude tão precoce foi importante para meu crescimento como pessoa, como mulher, como profissional. Fui crescendo e percebendo que quanto mais eu ganhava, mais eu gastava. Por mais que eu poupasse, aquela poupança não tinha um objetivo, eu não pretendia nada com aquilo, não tinha planos para aquele dinheiro (que nem era tanto assim) e eu acabava gastando no final do ano comprando presentes ou bobagens. A questão é:

1 - Poupe dinheiro com um objetivo!

Poupar não deve ser só um hábito, mas deve ter um objetivo. Aprendi que quando eu tinha um objetivo (por exemplo, minha primeira grande compra foi uma televisão que eu queria muito e paguei à vista com o salário do meu primeiro emprego de carteira assinada), eu conseguia poupar de forma mais consciente, sabendo que aquele dinheiro teria um uso e me beneficiaria posteriormente. Eu tinha sempre uma meta na hora de poupar.

Acredito que a segunda coisa a ser levada em consideração é o tempo. Investimentos são definidos como de curto, médio e longo prazo. Então

2 - Estabeleça um prazo para alcançar a sua meta!

Como eu era muito jovem, minhas primeiras aspirações foram bens materiais que pudessem me trazer conforto, mas eu também sempre gostei muito de viajar, então meu dinheiro sempre era poupado para comprar algo ou pagar uma viagem ou curso de curta duração. Neste caso, meus investimentos eram de curto prazo. O que deve definir o tempo que você vai investir é a sua meta. É provável que você tenha que fazer um investimento de médio prazo para conseguir comprar um carro, por exemplo.

Se você aceitar mais uma dica aqui sobre como investir ou poupar seu dinheiro, eu diria que o ideal seria você 

3 - Poupar sempre!

Como eu disse no item 1, isso deve ser um hábito. Os especialistas em finanças dizem que 30% do seu ganho mensal deve ser poupado. Não sei se todas tem condições de investir/poupar 30% do que ganham, mas acredito que sempre é possível poupar alguma coisa e o hábito de poupar sempre faz com que possamos ter uma relação mais saudável com o dinheiro. Começar com pouco já é um começo. Aos poucos, criando o hábito de poupar, você conseguirá estabelecer suas metas e prazos realistas para alcanças suas metas financeiras.

Espero que gostem desse tema tanto quanto eu. É um tema que julgo muito importante e espero que possamos falar em breve sobre isso novamente. Até lá!




sábado, 9 de julho de 2016

Consumo consciente - armadilhas #2

Falei na postagem anterior sobre algumas armadilhas nas quais podemos cair na hora de fazer compras. As empresas utilizam nossas emoções, nosso valores, podem nos causar constrangimento e influenciar nosso comportamento para que compremos um determinado produto.

Uma pena, mas se você quer consumir de forma consciente e menos influenciada por fatores externos, talvez você se interesse pelo que vou falar a seguir.

As armadilhas nas quais podemos cair são muitas. Uma delas é a da exclusividade.

A exclusividade é um dos principais fatores que podem influenciar na hora da sua compra. A exclusividade dá a ideia de status a quem compra e se você é uma pessoa que consome em busca de status ou da satisfação que essa compra exclusiva poderá trazer, é provável que já tenha caído nesta armadilha ao menos uma vez.



Entenda bem, não é que a exclusividade seja algo ruim. Na maioria das vezes, as marcas produzem itens com exclusividade porque são itens voltados a um público diferenciado, que não consome em massa ou porque o item pode ter valor bastante elevado de produção, não sendo possível produzi-lo em grandes quantidades. Também é possível que o produto seja feito com a utilização de trabalhadores especializados, com alto valor agregado ou mesmo que a matéria-prima não seja encontrada facilmente. 

A questão é que a exclusividade pode despertar o desejo de muitas pessoas que queiram ter essa sensação de não precisar compartilhar, de ser único. É, na maioria das vezes, é mais uma fantasia que temos na hora do consumo.

Outra artimanha utilizada para influenciar a compra é a escassez. Quantas vezes você não ouviu "este é o último da loja" ou "são os últimos dias de promoção, não perca!"?. Dizem até que algumas empresas utilizam a estratégia de deixar faltar momentaneamente um item que está vendendo bastante para que o consumidor tenha a sensação que deve comprá-lo na primeira oportunidade que tiver.

É possível que você sinta-se mais influenciada(o) a comprar um produto que está quase acabando na prateleira do supermercado. O que ocorre é que a escassez dá a sensação de ânsia, o consumidor sente que não deve perder a oportunidade de compra. Quando você encontra um item na prateleira e ele está quase acabando isto pode ser um indicador de que o produto é realmente bom/desejado, senão não estaria vendendo tão bem. Melhor aproveitar e comprar logo, não é?

Não! Em breve vamos falar um pouco sobre o consumo consciente (consciente em vários sentidos) e como evitar comprar por impulso.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Consumo consciente - armadilhas #1

É provável que você já tenha consumido por impulso, por ânsia. Na psicologia, dizemos que o consumo de uma pessoa está intimamente relacionado aos seus anseios. E se por um minuto você pudesse imaginar que seus anseios não são necessariamente seus?

Calma! Eu posso explicar :)

Todos os dias somos bombardeados por revistas de moda e programas de tv com propagandas de produtos maravilhosos (sim, maravilhosos!), mas que nem sempre precisamos. Até aí, tudo bem. Depois você descobre que aquele produto faz parte de um estilo de vida que você talvez nem possa ter, mas que é bastante atraente. De repente, você também descobre que pessoas que parecem muito interessantes possuem e utilizam aquele produto, falam sobre ele. 

Foi disparado o gatilho mental e você nem percebeu. A indústria que dita o que nós devemos consumir consegue fazer com que tenhamos uma espécie de relação emocional com os produtos ou marcas. Por exemplo: digamos que você tenha um filho e, obviamente, deseja o melhor para ele. Se uma empresa oferece uma marca de fraldas que diz ser confortável e de confiança por estar há muitos anos no mercado, mas o produto é um pouco mais caro do que outras marcas que não passam tanta confiança assim, o que você prefere? Pagar mais caro em um produto dito de "maior qualidade" ou "de confiança" ou testar um produto novo, mais barato e arriscar?

A questão é que poucos consumidores estão dispostos a arriscar. Correr riscos, principalmente no que se refere a dinheiro, não é algo que as pessoas normalmente façam com facilidade. Quando uma marca consegue associar aos seus produtos valores como qualidade e confiança, por exemplo, é mais provável que você pague mais caro no produto, mesmo sabendo que há outros de mesma natureza na prateleira ao lado. Você praticamente não escolhe, alguém já escolheu para você.

É aí que ocorre uma compra que muitas vezes não é consciente. Consumimos o que achamos que é melhor, e não necessariamente aquilo que de fato precisamos.

Outra forma de incentivar o consumo e que é muito utilizada pelas lojas é a famosa promoção ou liquidação. Já me aconteceu uma vez de comprar seis pares de sapatos numa mesma loja e tudo o que eu estava procurando era uma sapatilha preta, simples, que nem era tão urgente assim. 

É, eu cometi uma loucura, comprei por impulso e acabei levando muito mais do que o que precisava. A loja prometia descontos cada vez maiores para quem comprasse mais pares de sapatos. A armadilha estava no fato de que quando eu já tinha entrado na loja, já tinha provado o sapato e já estava decidida a comprar, o vendedor informou que o desconto só se aplicava no segundo par de sapatos. 

Esse tipo de situação conta também com o fator constrangimento. Isso mesmo, constrangimento! Inconscientemente o consumidor se vê constrangido de não poder levar o produto que queria, principalmente depois de já ter provado e decido comprar. Nesta situação eu pensei: "ok, vou levar mais um par e pegar o desconto". 

Depois o vendedor informou que o desconto era bom para o caso de eu levar dois pares de sapatos, mas não era tão atraente quanto o desconto que eu ganharia se levasse três pares! Daí já viu, gastei mais do que deveria. Neste momento, o foco da minha compra já nem era mais a tal sapatilha simples que eu queria. 

Essa é uma outra armadilha que o consumidor pode cair no momento de fazer compras. Você já pensou em quantas vezes passou por situações similares?

Espero que consiga pensar um pouco sobre consumo e sobre as armadilhas nas quais já pode ter caído na hora de uma compra. Em breve devo escrever novo post sobre as armadilhas nas quais acabamos caindo na hora de consumir. Até lá!

domingo, 3 de julho de 2016

Viciada em livros

Não sei vocês, mas eu sou viciada em livros. Adoro uma feira de livros! rs

Decidi fazer um post sobre os meus livros preferidos e quem sabe vocês me dão alguma dica de boa leitura também. Aí vai!

1 - Meu livro preferido: Mulheres que correm com os lobos (Clarissa Pinkola Estés).

Gente, eu amo esse livro que fala do feminino e mostra diversos contos que nos fazem refletir sobre o nosso feminino, é uma viagem pela nossa experiência e mostra como o feminino é retratado em diferentes culturas. Um excelente livro para se ter na cabeceira e ler sempre que puder, recomendar para as amigas e buscar como um refúgio para aqueles dias em que precisamos de um "mergulho interior".



2 - Tus zonas mágicas (William W. Dyer)

Eu li este livro em espanhol, por isso citei o livro com título assim, mas acredito que exista a versão em português também. É excelente para pensarmos sobre nosso potencial criativo, nossa energia curativa e o poder que temos de fazer acontecer!



3 - Pai Rico, Pai pobre (Robert T. Kiyosaki)

Este é um bom livro (clássico) para quem está começando a aprender sobre finanças e como lidar com seu próprio dinheiro. Independência financeira é essencial para todos, principalmente para nós mulheres. A Kim Kiyosaki também lançou livro sobre educação financeira chamado "Mulher Rica".



Espero que gostem das dicas de leitura.

sábado, 2 de julho de 2016

Mulheres que fazem acontecer

Olá! Esta é a segunda postagem do nosso blog e eu estou muito feliz de compartilhar opiniões com vocês. Espero que este possa ser um espaço aberto para discussões construtivas e troca de ideias e dicas.

Pensei muito no que escreveria e decidi falar um pouco da mulher no mercado de trabalho brasileiro. Não vamos partir dos números que já conhecemos, que revelam que somos mal remuneradas ou que os homens são melhor remunerados que nós. 

Vamos falar do que pode ser mudado e de pessoas que estão trabalhando para mudar este cenário. Trouxe o caso da Luiza do Magazine Luiza.

O primeiro contato que tive e que me incentivou a pesquisar mais sobre essa líder foi no livro "Faça Acontecer" de Sheryl Sandberg, que dá título a este blog (e que será conteúdo para um próximo post). Como líder e empreendedora, Luiza tem realizado um papel importante na valorização da mulher dentro do mercado de trabalho. No Magazine Luiza, a presidente já chegou a realizar campanhas de incentivo à diversidade e contra a violência contra a mulher.  

Segundo ela, poucas mulheres se candidatavam a cargos de gerência, mesmo que fosse o caso de uma promoção, pois isso exigia mudança de cidade com frequência e os maridos não queriam acompanhar as esposas. Pensando nisso, ela fez um programa de apoio psicológico aos maridos para que as mulheres de sua empresa pudessem ascender profissionalmente.

Imagem: Empari Sistemas
É claro que Luiza teve outras mulheres fortes em sua história de vida. Segundo ela, começou a trabalhar aos doze anos para comprar os presentes de Natal. Foi a mãe de Luiza quem disse a ela "vá trabalhar, assim você terá dinheiro para comprar os presentes". Foi assim que ela começou no balcão da loja que a mãe tocava junto com a tia (também chamada Luiza) e mais duas irmãs.

Luiza foi convidada pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 para ocupar uma das cinco vice-presidências de seu conselho diretor. Ela é a única mulher a integrar a mesa do conselho diretor, que é um órgão de administração e representação da Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016.

A principal bandeira levantada por ela, atualmente é a de cotas para mulheres em conselhos de administração. Segundo ela "pode parecer que as cotas menosprezam a capacidade de ascensão e favorecem alguém sem mérito. Mas elas são uma ferramenta transitória para corrigir uma situação de desigualdade que, de outro modo, levaria muitas décadas para ser solucionada. É o que está acontecendo agora na Europa, e com sucesso. Vários estudos mostram que a diversidade nos conselhos aumenta a rentabilidade das empresas".  (Luiza Helena Trajano, em Faça Acontecer de Sheryl Sandberg).